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O SER HUMANO: VISÃO ORIENTAL E OCIDENTAL

Caminho para o autoconhecimento
Todos nós conhecemos o provérbio chinês: “Se alguém tem fome e você lhe dá um peixe para comer, ele terá o que comer durante um dia. Entretanto, se você lhe dá uma vara de pesca e o ensina a pescar, ele terá o que comer todos os dias”.

Não estamos aqui para vender peixes, mas para aprender a confeccionar nossa própria vara de pescar. E para termos a liberdade de utilizá-la ou não.

Tudo o que o homem faz tem como objeto de estudo, ele próprio. E vale dizer, como objetivo final, também é ele próprio. A curiosidade, presente nas crianças e nos adultos, é o ponto de partida do saber. Se uma criança recebe de um adulto uma informação errada, não verdadeira, inadequada; construirá a realidade de sua vida a partir dessa informação, diríamos, uma crença.

O mesmo vale quando alguém recebe informações dos que “têm o saber”: se existe uma classe especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos acham-se livres da obrigação de pensar, basta acreditar no que dizem e mandam. Dali resulta um ser humano alienado, dependente, fadado a sofrer.

Buscar o autoconhecimento é verdadeiramente fazer constatações. Esta é uma aventura para a autoconsciência. Kierkgaard define esta realidade de uma forma precisa: “aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo… E aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio”.

Procurar e encontrar é próprio do homem e isso o torna capaz de experiência. A experiência supõe procura e encontro! É questão do Ser. É questão Ontológica. “O Homem a procura de si mesmo”, Rollo May.

Ser Humano e diferentes Civilizações

Para se perceber ou compreender com mais clareza as diferenças entre a visão ocidental e oriental do ser humano, é preciso primeiro ter uma visão geral sobre o SER HUMANO, bem como, das suas civilizações de origem.

Segundo prega a tradição cristã, todos os seres humanos são filhos de Deus, “criados a sua imagem e semelhança”. Embora as pessoas até possam ser bem parecidas umas com as outras, a individualidade de cada uma é ÚNICA e incontestável.

Assim como não há duas impressões digitais iguais, também não há duas individualidades iguais.

Pessoa e individualidade

A individualidade é a maneira como a pessoa percebe a própria vida e a dos demais seres humanos. É constatado que cada pessoa tem uma forma muito própria de encarar, de viver e de perceber a vida como um todo, desde a sua forma de pensar, de sentir e de agir, até mesmo nas características físico-orgânicas, mentais, emocionais e comportamentais, bem como em suas convicções religiosas, culturais, filosóficas, sociológicas….

Sobre esse tema, há um antigo refrão espanhol que diz o seguinte, livremente traduzido: “Cada ser é um mundo, menos o meu ser, que são dois mundos…”.

A individualidade do ser humano é constituída por fatores genéticos, que são hereditários; por fatores astrológicos, que influenciam a pessoa no momento de seu nascimento e no seu desenvolvimento pessoal; por fatores, decorrentes de seu período de gestação – as programações de vida intrauterina, do processo de nascimento e por fatores educacionais e vivencias adquiridos ao longo da vida desde a mais tenra infância.

Esses fatores educacionais são altamente influenciados, de forma direta, pelas características familiares, herdadas das gerações anteriores: pais, avós… pelo grupo econômico-social a que essa família pertence, e de forma indireta, pela cultura da civilização a qual pertence o grupo familiar em questão, sendo que quanto mais tradicional e antiga é a civilização – poder-se-ia também acrescentar o termo raça – à qual pertence esse grupo.

As características de personalidade, oriunda de fatores hereditários, são as mais profundamente enraizadas no subconsciente, desencadeando a maneira mais espontânea e automática da pessoa agir e reagir perante a sua forma de perceber a vida e os seus desafios.

O ser humano não sobrevive sozinho, precisa garantir a sobrevivência de sua espécie, primeiro no espaço, em grupo.

Assim também o grupo humano, independente do seu tamanho, não existe sem enquadramento, isto é, sem conexões, advindas dos padrões geográficos, culturais, políticos, sociais e individuais.

“O Homem não está na sua natureza, ele está em sua civilização; imóvel este cria a ilusão de um acordo perfeito com as condições naturais”. (Roland Breton)

Civilizações

Das mais diversas civilizações que se edificaram no decurso da história da humanidade, algumas subsistem no mundo de hoje, umas mais bem estruturadas outras menos. São realmente consideradas civilizações aquelas que se constituem de sistemas estruturados originais e autônomos.

O que caracteriza a dimensão de uma civilização é o número de participantes que a compõe e a extensão territorial que abrange. O que se constata através da história é que apenas as grandes civilizações crescem e se estendem, enquanto as pequenas se desfazem e desaparecem.

“As civilizações são sistemas complexos de transformação, baseados em subsistemas: econômicos, políticos sociais, culturais, mais ou menos evolutivos, cujos elementos podem alterar-se em função de mecanismos internos de auto-regulação”. (Roland Breton)

São 2-duas as grandes civilizações que dominam o mundo de hoje: a civilização ocidental (originária da Europa) e a civilização oriental (originária da Ásia).

Para melhor entendimento dessas civilizações é preciso saber o que distingue o Oriente do Ocidente e considerar a existência de vários Orientes.